Forró Quilombola do Remanso

Aurino conta que nasceu em 1945 na fazenda, mas cresceu na comunidade do Remanso aprendendo a lidar com a terra e com a pesca tradicional para seu alimento e de sua família. Seu pai animava as festas da comunidade deixando Aurino apaixonado pela sanfona de oito baixos. Quando Seu Binô ia trabalhar na roça, Aurino contava com a ajuda de sua mãe para pegar a sanfona e tocar. Próximo do horário de Seu Binô voltar, ele guardava o instrumento trancado no baú da mesma forma como estava antes. Só que às vezes o pai percebia algo estranho e perguntava a sua esposa “Madalena, alguém mexeu na minha sanfona! E ela respondia que não.

O tempo passou e Seu Aurino aprendeu sozinho a tocar a sanfona. Um dia seu pai Binô foi convidado para um casamento e levou Aurino com ele. Seu Binô tocava uma música atrás da outra, até que resolveu ir ao banheiro. Aurino pegou a sanfona e começou a tocar e as pessoas gostaram. Um pegou a zabumba, outro pegou o triângulo e outros entraram no salão para dançar.

Seu Binô ao sair do banheiro ficou admirado com o seu filho  comandando a festa. Quando a música terminou, Seu Binô perguntou:

– Como você aprendeu a tocar sanfona, menino?

 Aurino respondeu emocionado:

– Olhando o Senhor, meu pai!

Seu Binô então pediu pra Aurino tocar mais um pouco.  Aurino se tornou reconhecido como sanfoneiro da comunidade e casou com Dona Agmar, descendente indígena do sul da Chapada. Eles tiveram um filho chamado Natalino, apicultor e pescador, um sobrinho, filho de sua irmã Judite, chamado Caburé, agricultor e pescador. Natalino herdou o zabumba e Caburé o pandeiro e a viola, formando o trio pé de serra com Seu Loi, jardineiro e primo distante de Aurino que é cantor e compositor.

Com o passar do tempo e das roças, como diz o povo, as tradições foram desvalorizadas e a escola com sua educação descontextualizada, considerava os mais velhos como analfabetos. Os jovens não mais se interessavam em sua musicalidade, danças, saberes e fazeres.

Em 1998, chegou o velho griô caminhando na comunidade do Remanso, na época da origem da criação das trilhas griôs e da Pedagogia Griô, conheceu Aurino. O Velho Griô começou a aprender com Aurino, Lina, Pedrina, Rosa e muitos outros mais velhos griôs da comunidade. A parceria entre os dois é histórica, pela educação, cultura e política. De lá prá cá Aurino se tornou Mestre Aurino, reconhecido pelo Ministério da Cultura na Ação Griô Nacional, contador de histórias no programa Trilha Griô, mestre das aulas da pedagogia griô na escola e na comunidade, professor de oficina de sanfona no ponto de cultura Grãos de Luz e Griô e na escola da comunidade, tocador em aulas espetáculos que frequentaram 15 palcos em 3 festivais internacionais em São Paulo e na Espanha. E atualmente reconhecido quilombola com sua participação na Associação Quilombola do Remanso que teve seu território reconhecido pela luta de Aurino e seus parceiros. O forró de Aurino hoje é chamado Forró Quilombola e é reconhecido em diversos lugares da Chapada e do Brasil e fora do Brasil.

Eventos regulares:

Festa de São João de 23 a 25 de junho

Festa do Padroeiro dos Pescadores de Remanso São Francisco

Festa de São Pedro

Separa

Nome dos Mestres e aprendizes, ou participantes e função de cada um: 

Aurino Pereira de Souza – mestre Aurino (Sanfoneiro de 8 baixos )

Natalino Pereira de Souza – (Tocador zabumba)

Caburé – (Tocador de pandeiro e viola)

Seu Loi – (Compositor e cantor)

Responsável: Aurino Pereira de Souza

Contato:

Forró Quilombola do Remanso

(75) 999193645

Endereço: Comunidade Quilombola Remanso

Cidade: Lençóis – Bahia – Brasil